Quando criança ela queria ser professora, mais tarde pensou em trabalhar com enfermagem, chegou até a iniciar o curso técnico, mas ver o sofrimento do outro fez com que ela repensasse a carreira. Seu primeiro emprego foi na área administrativa de uma indústria de tecidos, na época ela tinha 17 anos, mais tarde surgiu uma oportunidade como vendedora em uma loja de tecidos, e nesta empresa chegou a ser supervisora de vendas.
Mas ao longo do tempo a jovem Fátima Oliveira dos Santos, hoje nossa supervisora financeira, foi se dando conta que o que ela gostava mesmo, era da relação com as pessoas. E foi isso que a fez investir num pequeno minimercado. A experiência como empreendedora valeu como aprendizado, mas quando surgiu uma oportunidade para atuar na Eurobike no setor de veículos, seu coração não titubeou e em 2006 ela fez a escolha de voltar uns passos para trás, deixar de ser uma pequena empresária, aos 23 anos, para assumir como recepcionista, telefonista no Grupo Eurobike, aqui no RS. Ali ela foi assistente de garantia, foi secretária quando em 2009 o Grupo assumiu a bandeira Audi, auxiliou nos processos administrativos da construção da unidade MINI e em 2010 foi para o administrativo/financeiro. De onde não saiu mais. Em 2017 o Grupo Eurobike vendeu as unidades do RS para a Top Car, Fátima seguiu de uma empresa para a outra e no Grupo Top Car se sentiu sempre muito valorizada.
“Desde o primeiro ano como Top Car já percebi o quanto a empresa oferece oportunidades, todo o ano eu subi de nível e aqui pude perceber o significado de carreira”, lembra.
Tudo na vida dela começou bem cedo, e toda essa experiência a fez chegar no cargo de supervisora financeira, aos 39 anos, ocupação que requer muito cuidado, confiança, organização, conhecimento e principalmente, saber lidar com as pessoas.
“Eu gosto demais do que faço, sei que sou a pessoa que cobra, corrige, procura erros, quer tudo certinho, mas também sou aquela pessoa que quero que o outro esteja bem, e faço isso com carinho, e em troca recebo carinho de volta. Todos sabem que se eu for cobrar, sempre será com educação, mesmo que eu exija, será com amor”, diz Fátima.
Casada há 20 anos, a menina de 19 anos que subia o altar tinha um foco, comprar sua casa e ter a segurança, conforto e paz de espírito que todas as pessoas merecem, e para isso ela se dedicou profundamente ao trabalho. O sonho de uma formação universitária foi adiado, mas jamais esquecido, tanto que em 2019 ela levantou o canudo da Administração e logo em seguida iniciou um pós-graduação em controladoria. Com a pandemia, algumas coisas tiveram que se adaptar e o sonho da especialização foi adiado para breve.
Quando o assunto é o sonho da menina Fátima, ela se emociona, junto vem as lembranças de uma infância mais dura. A quinta de seis crianças, os pais vindos do interior, sem muito conhecimento e talvez uma certa rigidez em lidar com a vida. A mãe dona Rosa era costureira e o pai seu João era metalúrgico. Quando ela tinha 9 anos os pais se divorciaram, e foi nesse momento que dona Rosa pode oferecer aos filhos uma nova referência de um verdadeiro lar. Essa mãe tem uma importância fundamental em quem a Fátima se tornou. A vida de dona Rosa não foi fácil, mas amorosamente ela lidou com os problemas, as limitações e as enfermidades. Em 2021 ela partiu, assim como tantos nesse planeta, em tempos de COVID. Para Fátima, a mãe faz uma falta imensa, mas talvez ela ter partido naquele momento tenha sido a melhor opção para ela que lutou contra o câncer por mais de uma década. Essa mãe sempre falou de um livro para os filhos que havia sido a mola propulsora dela para uma nova vida. Há alguns dias, Fátima estava andando pelo centro de Porto Alegre, quando em uma vitrine, tanto anos depois, a lembrança do nome do livro estampado em uma capa: “O poder infinito da mente”. E agora, o aprendizado com a mãe, mais uma vez acontece, desta vez através das palavras do autor. Afinal, estar perto de quem se ama não significa necessariamente estar fisicamente. Com o tempo vamos percebendo que nada acontece por acaso. Talvez por isso a palavra “presente” tenha um significado tão amplo.
Entre as coisas mais agradáveis para fazer na vida, Fátima destaca a família. Lembra que estar com o marido Jeferson, seu parceiro, dedicado e amoroso. O pai mais incrível que a pequena Agnes de 7 anos poderia ter. A menina que recebeu o nome que significa pureza é carinhosa, cheia de personalidade e poder de argumentação, tão inteligente, carrega da mãe a emoção e do pai a força. No seu tempo livre, quando não está com a família, só há um lugar onde encontrar a Fátima, em meio as infinitas plantas, sua casa é quase um jardim botânico, e o sentimento de ver uma planta florir ou dar frutos, motiva a Fátima a um ritual todos os dias após o trabalho, visitar seu jardim de plantas risonhas, olhar cada uma, entender suas necessidades e o que precisa para revelar o seu melhor. Talvez esse seja o segredo da nossa supervisora. Se ela tem essa incrível capacidade de perceber o valor e o som oculto no silêncio da vegetação, o que ela não é capaz de perceber no nossas palavras não ditas, nossas necessidades guardadas ou em nossos medos não confessados.