Encontrar caminhos



Talvez a melhor forma de contarmos quem é o nosso gerente Ricardo Genz (53), seja através do mar. Enquanto a entrevista acontecia, foram se revelando profundezas e uma riqueza de detalhes e aprendizados que nos fazem compreender o semblante de tranquilidade linear que ele carrega.

Quando você chega e olha para aquela imensidão de água, é muito importante saber fazer a leitura do mar. Afinal, o mar é um organismo dinâmico e em constante mudança, por isso você tem que estar certo de como irá lidar com ele. Apaixonado por esportes, basquete, vôlei, natação e o surfe, Ricardo tem em suas melhores qualidades a observação.
“Eu sempre entrei no mar nadando, tinha 13 anos e esperava pacientemente a onda vir, o mar é o mestre para lidar com a ansiedade, e nessa espera o melhor a fazer é conhecer o mar, ele te diz o melhor caminho a seguir, por onde entrar e onde estão as correntes”.

Filho de uma mulher delicadamente forte que, fazia tortas doces para fora para compor a renda da casa e de um pai caixeiro viajante que ensinou aos 4 filhos, três meninas e um menino, o valor do trabalho. Na família a regra de ouro era manter a qualquer custo a honestidade e a busca do conhecimento. Mas o pequeno tinha um ícone, o tio Plínio, empresário, imponente, sempre perfumado e alinhado no terno. Uma inspiração para o pequeno que sonhava na sua inocência, com a vontade genuína de oferecer aos pais, dona Luíza e seu Ivo, uma vida menos modesta e mais confortável. Desde cedo ele sabia que a vida era como o mar, em algum momento seria preciso calma para administrar uma situação de risco, ou como diriam os surfistas, se manter atento e remando vai ajudar a se manter no pico e a ficar aquecido nos dias de água fria e longe das chamadas ‘vacas’.

Aos 17 anos ele já trabalhava na pequena empresa do pai, uma representação de carvão ativado, depois passou pelo consórcio, distribuição de produtos para fábrica de móveis, instalação de ar-condicionado para carros e foi nesta época, que ele passou a visitar as concessionárias. Um belo dia, veio a uma empresa para uma instalação e um profissional da antiga Gaúcha Car (VW) falou de uma oportunidade e pediu que ele ficasse para a entrevista. Envergonhado por estar sujo com o uniforme de trabalho, se revestiu de coragem e decidiu concorrer a vaga, passou por todas as etapas e, aos 21 anos, foi contratado como vendedor de novos e seminovos e por lá permaneceu dois anos, depois surgiu uma proposta para atuar na também extinta Copagra que distribuía Ford, onde permaneceu como vendedor de novos por três anos.

Casou, passou a Lua de Mel nos EUAs e por lá mais uma vez, o litoral americano o encantou, e foi quando ele começou a sonhar em morar fora do Brasil.  e em uma viagem de férias para Flórida tomou a decisão. O casal Ricardo e Aline iriam se mudar para a Califórnia.

“Inicialmente eu trabalhei em uma megastore, meu trabalho era receber o caminhão, retirar os palets, abrir as caixas, distribuir os produtos nas prateleiras. Mas o mais importante deste processo foi o contato com a língua. Como era uma gama enorme de produtos foi a oportunidade para eu ficar fluente e aumentar muito o meu vocabulário. Sem contar que eu passei a olhar para a administração dos processos de uma forma muito diferente e decidi que queria fazer muito além do que o meu contrato determinava. Algum tempo depois fui trabalhar na Pizza Hut e, certamente, eu queria além do meu trabalho, aprender a fazer a pizza e abrir e fechar a loja, eu queria responsabilidades, essa era a forma de eu ser notado e para isso precisaria fazer tudo corretamente. Eu não desperdiçaria nenhum aprendizado que estivesse ao meu alcance.”

Quando Aline engravidou da Mannoela eles decidiram voltar para o Brasil e formar sua família perto das pessoas que sempre foram tão importantes. No país ele abriu, com um sócio, uma oficina mecânica e para compreender o negócio passou por todos os setores da oficina; compras, preparação, entrega técnica, administração e se fosse preciso lavar o carro, mesmo sendo proprietário, ele estava lá. A empresa tinha uma passagem média de 120 carros mês.
“Ter a visão do dono, de como funciona uma empresa, suas dificuldades e perceber o que funciona, iniciar e fechar o mês, gerir pessoas me deu a visão clara do que eu queria estabelecer como propósito profissional. Eu realmente queria atuar na gestão comercial e de pessoas”.

Mas como o mar pode ser imprevisível, aquela análise que você faz inicialmente para entrar no mar serve apenas para você começar a sessão, uma vez lá dentro, você precisa estar atento as correntezas que vão tentar te tirar da posição que escolheu para pegar as ondas. A sociedade teve um fim e Ricardo decide empreender num outro mercado em ascensão, negócio de Rações vindas da Argentina, foi a ocasião para ele se desafiar e foi preciso neste momento abrir mão de empreender e voltar a atuar como funcionário.

Contratado pelo Grupo Iesa, ele fala com muito carinho de uma década de trabalho. Afinal o Grupo ofereceu todas as ferramentas para ele estar hoje na Audi Top Car. Certamente não foi fácil, seu foco era, o que fazer para crescer. Ele queria mais do que ser vendedor e a estratégia que escolheu foi, mais uma vez, fazer muito mais do que é pago para fazer. Identificou as pessoas que eram fortes dentro da empresa, e neste caso não eram necessariamente os diretores, e passou a ajudar assumindo várias funções.

“Eu me oferecia para cuidar da integridade e estrutura do showroom, controlar o combustível e a limpeza dos testes drives, verificar se todas as descrições dos veículos estavam corretas, e por aí vai. Quando uma das unidades passou a vender menos, e ninguém queria trabalhar lá, eu me candidatei mesmo sendo mais difícil e mais longe. Quando me ofereceram a vaga temporária de supervisor para não ganhar nada mais e ainda ter que seguir buscando meu próprio salário, eu aceitei. Quando me ofertaram o cargo de coordenador e ganhar menos do que vendedor, também aceitei. Porque minha meta era ser gerente. E cheguei no cargo em menos de dois anos na empresa e por lá formei outros tantos gerentes”.

A família foi crescendo com a chegada da Rafaella, agora estava formada a família que ele sempre sonhou, ser pai de duas meninas.

No início de 2016 ele manifestou a vontade de novos desafios, novas culturas empresariais e foi atuar no Grupo DRSul, depois na região do Vale dos Sinos, como gerente na Carburgo. Durante a contratação foi aprovado como coordenador na Audi Eurobike, quando foi chamado era preciso escolher entre uma marca premium, ou um salário muito maior.
Voltando a analogia do mar. O período da ondulação nada mais é que o tempo percorrido entre uma onda e outra. Esta métrica é importante, pois, quanto maior o período, maior será a chance de o swell (conjunto de ondas marinhas lisas e uniformes, com intervalos de tempo regulares ) ter boa qualidade. O período é influenciado pela distância da costa que a tempestade incidiu no oceano: quanto mais próximo, menor será o período. E ele escolheu a Audi. Três meses depois, uma tempestade no oceano, a Eurobike seria vendida ao Grupo Top Car. Qual seria a estratégia para permanecer na escolha mais acertada? Fazer o que ele fazia de melhor, vender. Hoje ele se diz realizado e sonha em se aposentar neste Grupo que ele afirma ser o mais honesto e humano pela qual ele já passou. Para ele, o potencial de crescimento do Grupo é imenso, um organismo vivo como o mar que é capaz de reformular caminho, redirecionar conceitos e oportunizar o aprimorar-se. Quando Ricardo olha para o futuro, quer ser reconhecido como um profissional que respeita a equipe, auxilia no crescimento de cada um, incorpora os valores da empresa e oferece sua melhor performance para seguir crescendo.